Afinidade

Afinidade é um dos poucos sentimentos que resistem ao tempo. Meus sentimentos mudavam, o jeito de eu olhar a pessoa também. Mas a afinidade continua sempre ali.
A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil, delicado e penetrante dos sentimentos. É o mais independente também. Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos, as distâncias, as impossibilidades. Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação, o diálogo. Ter afinidade é muito raro. Quando se a tem, raramente falta assunto. E isso deixa qualquer um louco para ficar cada vez mais perto da pessoa, compartilhar cada momento, cada aventura e desventura. Quando existe, não precisa de códigos verbais para se manifestar. É como química. Existia antes do conhecimento, irradia durante e permanece depois que as pessoas deixaram de estar juntas. Afinidade é ficar longe pensando parecido a respeito das mesmas músicas, das mesmas conversas, das mesmas piadas. É ficar conversando sem trocar palavras. É receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento.
Afinidade é sentir com, não é sentir contra, nem sentir por, nem sentir pelo. É olhar e perceber. É mais calar do que falar, ou, quando é falar, jamais explicar,
apenas afirmar. Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças. É conversar no silêncio, conversar na madrugada. Tanto nas possibilidades exercidas quanto das
impossibilidades vividas. Afinidade é retomar a conversa no ponto em que parou sem lamentar o tempo de separação. Apenas sentir falta das conversas e do bem que elas fazem. Porque tempo e separação nunca existiram. Foram apenas oportunidades dadas (ou tiradas) pela vida. Afinidade é ver o sol nascer, junto a quem faz ele brilhar mais.

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